Pulseira em couro de tilápia. Colares em fibra de bananeira e canela e brincos de casca de coco.
Transformar materiais descartados pela natureza em bijuterias e semijoias é trabalho de uma empresária de Atibaia, no interior de São Paulo. Eneida Carmilo confecciona biojóias há 9 anos. Na época investiu, o equivalente a R$ 17 mil no negócio.
“Eu comecei a querer fazer colares com as nossas sementes que eu sempre achei muito bonitas, muito coloridas. Eu vi que não tinha uma matéria-prima de confiabilidade, que pudesse confiar, as sementes apodreciam. Elas mofavam, e outros produtos também. A gente não tinha quem pudesse fornecer a matéria-prima, aí eu me empenhei primeiro nisso”, revela.
Todas as sementes passam por um processo de eliminação de fungos e parasitas. A empresária compra a matéria-prima de várias regiões do país, sempre preservando o ecossistema. Em um depósito elas são separadas por tipos e etiquetadas. Há mais de 200 tipos de sementes, desde as mais simples, como a do açaí, até as mais raras, encontradas em palmeiras. A empresa também vende as sementes para artesãos de todo o país.
As sementes que saem do estoque são embaladas em uma máquina com sistema a vácuo. “Como a semente é um produto perecível, ela precisa dessa embalagem. Depois que ela sai do expurgo, que ela não tem nenhum bichinho, a gente põe na embalagem a vácuo, que retira todo ar e isso impossibilita a sobrevivência de qualquer bichinho. Isso é a garantia que a pessoa tem que ela vai receber um produto com a melhor qualidade possível para fazer o trabalho”, explica Bárbara Pires, gerente administrativo.
Para a montagem das peças, as funcionárias usam pingentes e fitas para dar um colorido especial e um acabamento sofisticado aos acessórios.
A empresária Eneida Carmilo vende as biojóias para todo país e também exporta para a Europa.
“Eu acho que estão valorizando o Brasil pela sua beleza tropical, pelas suas sementes, por sua alegria, que é uma coisa tropical que tem a ver com essa coisa de semente de natural”, afirma a empresária.
As peças prontas custam a partir de R$ 6, uma pulseira, até R$ 170, os maxicolares. As vendas são feitas pela internet. Este ano, Eneida espera faturar R$ 600 mil. Para 2013, já planeja um crescimento de 50% nos negócios. “A gente vê que a aceitação esta cada vez maior junto e ligado com a preocupação pelo planeta, com a consciência ecológica (...). Eu acredito que no Brasil também a biojoia vá estourar e não vai demorar muito”, sugere.
O empresário Rodrigo Bolton também é um especialista em biojoias. Há 5 anos ele faz acessórios finos com pedras naturais e folhas secas. Rodrigo investiu R$ 30 mil para montar a primeira loja.
São pulseiras, brincos, anéis, colares e gargantilhas. As peças são banhadas em ouro e prata para dar um acabamento impecável.
Na loja estão expostos mais de 100 modelos de biojoias e Rodrigo sempre traz novidades. Ele capricha na criatividade para transformar elementos da natureza em acessórios bem sofisticados.
“A gente analisa a tendência da moda e depois a faz um trabalho vendo os materiais que inclusive não são usados em joalherias. Então, por exemplo, em peça que é feita em aço cozido, a gente colocou ela em aço, que é um elemento que não é usado, mais uma folha de verdade”, diz.
Ele fala, ainda, sobre uma seda ecológica. “Ela é tingida de forma natural. Ela, por exemplo, está num tom totalmente verde neon que vai ser usado em 2013”, diz.
Cada peça desenvolvida por Rodrigo é exclusiva. O foco da coleção está nos acessórios feitos com folhas do cerrado e pedras coloridas.
“A gente fecha acordos com cooperativa, geralmente são as do sul, onde são as pedras melhores e a qualidade é melhor, onde o preço também exige um investimento menor. Dali sim elas são lapidadas muitas vezes na região. E o restante da montagem é feito pela gente”, diz.
As biojoias custam a partir de R$ 40, uma pulseira simples, e podem chegar a R$ 300, um anel. Para as clientes, a beleza das peças justifica o preço. “São coisas raras que você não vê assim em lojinhas de bairros e eu passei, eu vi, eu me encantei. Estou aqui feito boba olhando”, diz Maria Aparecida Medeiros.
Além das biojoias, o empresário investiu também em outro produto sustentável. Ele agregou valor ao negócio com a venda de perfumes orgânicos. Hoje, eles representam 30% das vendas. Ele tem seis lojas espalhadas pelo país. São 3 em São Paulo, uma no interior paulista e duas nas regiões Norte e Nordeste.
O empresário comemora o resultado. “A previsão para esse ano é em torno de R$ 2 milhões, ou seja, para uma empresa que começou em 2007, conseguir fechar nesse valor, a gente fica bem contente com isso”, afirma.