Mercado de luxo no Brasil movimenta cerca de US$ 6 bilhões por ano.

Investir em alto padrão significa oferecer atendimento personalizado e exclusividade. Em São Paulo, lustres podem chegar a R$ 40 mil.

O mercado de luxo no Brasil está em alta. Segundo a revista “Forbes”, que publica todo ano um ranking dos países mais ricos do mundo, o Brasil tem 18 bilionários. Para quem trabalha com o mercado de luxo, 2010 deve fechar como um ano de ouro.

“Nos últimos anos, o mercado de construção civil e o mercado de classe A estão crescendo muito. A procura por nossas peças está crescendo. Nos últimos seis anos, aumentamos o faturamento de 30% a 40% por ano”, avalia o empresário Marco Rispoli.



Cristais importados, design exclusivo, sofisticação. Em uma loja que atende a elite paulistana, o requinte está por toda a parte. Marco Rispoli e a mulher, Aglaura Sanchez Rispoli, entraram para o mercado de luxo há sete anos. Eles começaram a fazer lustres que hoje são vendidos como joias. O investimento inicial foi de R$ 100 mil.

“Todos os materiais são importados e a montagem é feita aqui no Brasil por artesãos que nós educamos para criar as peças perfeitas”, explica Marco Rispoli.

Todas as peças são assinadas e feitas sob encomenda. Os empresários produzem, em média, 15 lustres por mês. Os preços variam de R$ 5 mil a R$ 40 mil.

Como estratégia de marketing, os empresários mantêm um showroom em uma das ruas mais badaladas dos Jardins, em São Paulo. A localização é importante para garantir o sucesso do negócio.

“Nós temos vários clientes, desde famosos a não tão famosos. Fizemos o casamento da Atina Onassis. Temos várias parcerias com construtoras, hotéis. Fazemos apartamentos decorados, lustres sob medida, peças grandes”, conta Aglaura Sanchez Rispoli.

O cliente de luxo quer exclusividade. Este foi o desejo que motivou Claudia Borelli a comprar um lustre para a sala de jantar. O preço: R$ 40 mil. “Eu acho que o lustre tem um preço. A peça tem matéria-prima importada, design de nome, luxo”, brinca a cliente.

O luxo tem conquistado cada vez mais espaço. Em São Paulo, podemos andar por uma das dez ruas mais luxuosas do planeta, a Oscar Freire. Para se ter uma ideia, de acordo com uma consultoria internacional de mercado, a rua está à frente da sofisticada Champs Élysées, em Paris. Mas em um mercado de tanto glamour, de vitrines e marcas tão disputadas, ainda é possível, para um pequeno negócio fazer sucesso investindo apenas na tradição.

Longe do marketing e sem a tecnologia do mundo moderno, o alfaiate Vincenzo Severo é um dos nomes mais tradicionais de São Paulo. Ele atende um público acostumado ao luxo. Tudo é personalizado.

“Meus clientes preferem atendimento em casa”, diz Vincenzo Severo, alfaiate desde 1954. Ele costura para grandes empresários, advogados e políticos de todo o país. São clientes que pagam de R$ 3 mil a R$ 7 mil por um terno.

“Custa caro, porém, tem durabilidade. O cliente tem um terno bem feito de 20 anos no corpo”, garante o empresário.

O empresário Pedro Eberhardt é cliente do alfaiate há mais de uma década. Ele encomenda seis ternos exclusivos por ano.

“O custo não é mais alto do que em uma loja. A diferença é que você tem um serviço personalizado e muito melhor do que em uma loja”, comenta o cliente.

No ateliê, trabalham cinco funcionários. Em média, eles fazem 25 ternos por mês. Cada um demora três dias para ficar pronto. Todo o trabalho é artesanal.

“Desde o começo é tudo manual. Eu molho o corte, passo a ferro, faço o modelo, corto”, descreve Vincenzo Severo.

O amor pela profissão faz com que Vincenzo Severo seja um nome obrigatório no mercado de luxo do país. Cada terno que ele assina é, antes de tudo, uma peça rara. E ele dá uma dica para quem deseja alcançar o sucesso nesse mercado.

“É preciso ter gosto pela profissão, comprar tecido importado, de primeira. Você vai ter mão-de-obra especializada. Quem faz uma roupa vai recomendar todo mundo. Do contrário, não adianta a profissão do alfaiate. Precisa ter gosto pela profissão. É o que eu tenho”, garante Vincenzo Severo.



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