Administração inovadora - Culinária Árabe estimula novos negócios no Brasil.
A comida Árabe caiu no gosto do povo. Os comerciantes de outras terras mostram que a melhor propaganda é a boca a boca e inovam no atendimento.
Negócios estrangeiros mostram um modo diferente de administração
A comida árabe caiu no gosto do povo. Os comerciantes de outras terras mostram que a melhor propaganda é a boca a boca e inovam no atendimento.
Negócios típicos! A diversidade de povos que vivem no Brasil gera os mais variados tipos de empreendimentos. Eles são voltados à própria comunidade, mas conquistam também o público em geral. Um exemplo disso é a culinária árabe.
A loja de comida árabe tem 39 anos de tradição. A casa está na terceira geração da família do empresário Ricardo Cury. O espaço é pequeno, o cliente enfrenta fila, come em pé e não reclama. Ao contrário, elogia e pede mais.
“Eu venho aqui há 32 anos. Eu gosto da qualidade da comida, do atendimento e da higiene do estabelecimento”, comenta a cliente Maria Helena Zanini.
“Eu escolhi o kibe cru, coalhada seca e charutinho de repolho, é o meu prato preferido”, especifica o cliente Thiago Dutra.
Cada consumidor divulga gratuitamente o negócio. Mais de 80% dos clientes são assíduos e falam bem da casa.
“Sempre que você gosta de um lugar ou de um produto, você acaba passando essa imagem para os amigos ou para as pessoas que você gosta”, justifica o cliente Arthur Liberman.
Para o empresário, o segredo é um só: matéria-prima de qualidade.
“Com relação à carne, que é um produto que a gente usa bastante, porque a maioria dos nossos produtos vai carne, nós optamos por mesmo sendo um preço maior, e usando mais mão de obra, usando mais maquinário, nós compramos sempre as peças inteiras, para que nós façamos a moagem e as misturas certas para ter o nosso produto como é”, fala o empresário Ricardo Cury.
Bons e fartos. O kibe, por exemplo, pesa de 120 a 140 gramas. Os salgados estão sempre frescos. A atendente trabalha com um olho no movimento e outro na cozinha.
Para Ricardo Cury, bandeja vazia na vitrine atrapalha as vendas. Por isso, elas estão sempre cheias. Como a casa não reaproveita nada de um dia para o outro, sobram cerca de 500 salgados toda semana.
“Parece custo, mas eu chamo de investimento, porque tem que estar exposto, tem que estar bem feito. Para você comprar, tem que ter uma aparência legal, uma quantidade legal, porque mesmo que você ponha 50, alguém leva 48? Aqueles dois que ficam ali sozinhos não vende mais, que dá a impressão que ficou, que sobrou, que ficou de sobra e não é o caso”, explica Cury.
O empresário calcula um investimento de R$ 150 mil para montar um negócio como o dele. A loja vende 18 tipos de pratos, além de pastas, pães e doces. No total, 25 mil salgados são vendidos por mês. A esfirra é a campeã, representa metade do faturamento.
“A comida aqui é boa. Bem tradicional este espaço aqui”, diz o cliente Gustavo Rosethal.
“As receitas são receitas muito tradicionais, antigas, as mesmas que a minha avó fazia em casa, fazia nas festas dela. Então resolvi colocar isso em público, em pedidos, e elas são mantidas até hoje, fielmente, desde 40 anos atrás”, conta Cury.
Outra loja de comida árabe funciona no mesmo ponto há 13 anos e nunca teve um nome na fachada. Para o empresário Hassan Arabi, uma coisa é certa: propaganda boa mesmo quem faz é o próprio cliente.
“Às vezes, você vê o restaurante ou lanchonete, você vê o lugar e acha uma beleza, bonito, mas na hora, em que você compra, percebe que aquilo não é tão simples. Então, eu sempre apostei no cliente, que fala boca a boca, um para o outro”, diz Hassam Arabi.
Quem entra na loja ouve sempre uma mesma pergunta, repetida centenas de vezes por dia. Faz 13 anos que é assim, basta se aproximar do balcão e: "Aceita uma coxinha?” O salgado faz parte de uma tática que deu certo. Quem come coxinha compra kibe, esfirra e charutinho. Este é o marketing do empresário. São centenas de coxinhas de graça por dia.
“Depois que eu provei, não deixei mais de vir. Quase uma vez, duas vezes por semana eu estou sempre aqui”, revela a cliente Pina Pelegrine.
Enquanto isso, o balconista não para de oferecer coxinhas. E o que dá para perceber é que a casa nunca está vazia. Os clientes compram, indicam para amigos, que indicam para outros amigos. E haja coxinha.
“Eles têm umas coisas maravilhosas. Sem contar que eles ainda te dão sempre um brinde, uma coxinha de graça, quando você está esperando”, justifica a cliente Gabriela Guimarães.
Para o empresário, a tática é mais barata e mais eficiente do que qualquer propaganda que ele possa fazer. E aqui não existe economia, tudo pesa mais do que está marcado no pacote.
Mas nada disso daria certo se não fosse a mão de Hanan Kabash. É a mulher do empresário quem cuida da cozinha.
“Todas as comidas que a gente faz aqui, faz na minha cidade. Tudo comida árabe 100%”, diz a chefe de cozinha Hanan.
O curioso é que o empresário não faz contas. Pergunte a ele quantos salgados fabrica ou vende por mês, e a resposta é uma só: “Eu não tenho esse número, eu nunca procurei saber esse número. Até tem um ditado brasileiro: em time que está ganhando não precisa mexer”, lembra Hassan.