Antes de 1994, quem quisesse acessar um site na internet precisava saber seu endereço completo e digitar no navegador para chegar até lá. Naquele ano, porém, enquanto por aqui comemorávamos o tetra da Seleção Brasileira, os jovens Jerry Yang e David Filo apresentaram ao mundo a solução que facilitaria esse processo e revolucionaria a grande rede (que, na verdade, na prática, até então, não era bem uma rede). Nascia o Yahoo!
Estudantes de Stanford, Jerry e David queria encontrar uma maneira de achar facilmente os sites dos quais gostavam. Decorar o endereço de todos ficava cada vez mais difícil, ao passo que a lista aumentava. Eles criaram então o motor de buscas que poucos anos mais tarde se transformou na primeira grande empresa de internet, com um aporte de US$ 1 milhão da Sequoia Capital (algo fenomenal para o contexto da época).
O Yahoo! dominou o mundo e se valorizou. Em 1996, quando abriu seu capital na bolsa, sua avaliação de mercado era de US$ 848 milhões. Nos anos seguintes, reinou soberano. Mas aí apareceu o Google.
O Google deu o primeiro grande golpe no império. No final dos anos 1990, a empresa fundada por Larry Page e Sergey Brin ainda era uma nanica perto do Yahoo!. Tanto é que em 1997 eles tentaram vender seu projeto para a companhia pela bagatela de US$ 1 milhão e foram rejeitados. Mas, com um algoritmo mais sofisticado, capaz de fazer pesquisas mais eficientes e rápidas, assumiu a dianteira do mercado de buscas menos de 10 anos depois dali. Quando abriu seu capital, em 2004, o Google conseguiu uma capitalização de mais de US$ 23 bilhões. Em 2008, seu valor de mercado chegou a US$ 200 bi e hoje é de US$ 500 bi.
O Facebook também já foi oferecido ao Yahoo!. O negócio chegou a ser informalmente fechado. Mas, antes de assinarem os papéis, a ainda gigante mudou a proposta e o acordo virou água. Mark Zuckerberg queria US$ 1 bilhão. O Conselho do Yahoo! autorizou a compra por até US$ 1,2 bilhão. Mas Terry Semel, então presidente-executivo da companhia, bateu o pé e disse que só pagaria US$ 850 milhões. Zuckerberg não aceitou.
Já cambaleante, o Yahoo! recebeu uma proposta de compra da Microsoft em 2008: US$ 44,6 bilhões, valor 60% acima de sua avaliação de mercado na época. A empresa não quis.
Em meio a muitas oportunidades perdidas, decisões erradas e falta de resultados, o co-fundador da empresa, no papel de presidente-executivo, em 2005, fez um investimento que, na época, pareceu loucura. Mas hoje é o que mantém o Yahoo! minimamente atrativo: uma participação de 40% no e-commerce Alibaba (dono do AliExpress), adquirida por US$ 1 bilhão.
O Yahoo! deve deixar de existir em breve como um serviço independente. A empresa foi comprada pela Verizon, operadora de telefonia, por US$ 4,8 bilhões. Isso seis anos depois de rejeitar uma proposta dez vezes maior da Microsoft e de fazer investimentos que não deram resultados (como a compra do Tumblr).
O Yahoo! parou no tempo. Continuou como um grande site (que inclusive ainda gera bastante receita de publicidade), mas sem futuro. Seu modelo de negócio não fará mais sentido em breve e a companhia não conseguiu traçar um novo caminho. Parou de inovar e praticamente tudo que está sob seu leque ficou obsoleto. O Flickr, por exemplo, caminhava para ser a ferramenta mais poderosa de compartilhamento de imagens. Mas caiu no ostracismo. O e-mail da companhia também perdeu espaço. O Yahoo! Respostas mantém um ritmo extremamente lento de aquisição de novas publicações. O Yahoo! Notícias não tem credibilidade.
Aprenda com os erros dessa ex-gigante. Aqui, uma breve análise, em tópicos, de lições que podemos tirar dessa história de ascensão e queda:
- Faltou visão para perceber o potencial do Google e do Facebook, quando foram ofertados. Ou você aprende a enxergar além, ou pode perder grandes oportunidades;
- Larry Page e Sergey Brin também não foram muito bons em seus pitchs, convenhamos (mas eles devem estar felizes por isso!). Como é que uma ferramenta como o Google, oferecida por apenas US$ 1 milhão, foi rejeitada?
- Zuckerberg deve comemorar até hoje o bilhão que deixou de ganhar ao desfazer o negócio com o Yahoo!. Fica a lição: às vezes uma proposta muito boa nos enche os olhos e nos tira do caminho para um sucesso ainda maior.
- Parar no tempo é fatal. Principalmente se seu negócio é de tecnologia. O Yahoo! ficou obsoleto, perdeu valor e morreu. Pode acontecer com qualquer um.
E você: o que achou de tudo isso? Deixe seu comentário.