A Polícia Federal prendeu temporariamente nesta sexta-feira (24) em Brasília o ex-diretor financeiro do Postalis – o fundo de pensão dos Correios – Adilson Florêncio da Costa. Em 27 de agosto de 1977, aos 13 anos, ele foi salvo pelo sargento Sílvio Delmar Hollenbach ao cair no fosso de ariranhas do Zoológico de Brasília. O sargento morreu dias depois de infecção generalizada causada pela mordida dos animais. Hoje, como homenagem, o zoo leva o nome dele.
Costa é um dos sete presos por determinação da Justiça Federal do Rio de Janeiro, na Operação Recomeço. A defesa de Costa considerou a prisão ilegal porque ele já prestou depoimento no inquérito aberto em 2013 e já deu esclarecimentos sobre o caso até na CPI dos Fundos de Pensão, na Câmara. Segundo a defesa, Costa "sempre esteve à disposição das autoridades".
O objetivo da ação da ação da Polícia Federal é apurar o suposto desvio de recursos dos fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Postalis, dos Correios, na aquisição de títulos mobiliários do Grupo Galileo.
Houve busca e apreensão em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de bens e ativos financeiros de 46 pessoas físicas e jurídicas, em valor superior a R$ 1,35 bilhão. O processo corre em sigilo.
Da família da lontra, as ariranhas são mamíferos encontrados principalmente no Pantanal e na bacia do Rio Amazonas. São raros os casos em que chegam a atacar humanos. Segundo biólogos, a situação só acontece quando sentem que existe ameaça aos filhotes ou invasão ao seu território. Quando adultas, podem chegar a 1,80 metro de comprimento.
Gaúcho, o sargento Sílvio Hollenbach servia no Hospital das Forças Armadas (HFA), no Cruzeiro. Hoje, o auditório do prédio também recebe o nome dele.
Ao jornal Zero Hora, o filho do sargento, Sílvio Delmar Hollenbarch Júnior, afirmou não ter recebido sinal de gratidão pelo gesto do pai desde quando o episódio aconteceu. "Ele [Costa] nunca perguntou por nós. Mas não cobramos nenhuma atitude dele, seguimos nossas vidas", disse em entrevista, em março de 2010.
Entenda a operação
Na denúncia sobre supostas irregularidades no Postalis, o Ministério Público Federal alega que, em dezembro de 2010, o Grupo Galileo emitiu debêntures no valor de R$ 100 milhões para captar recursos para recuperar a Universidade Gama Filho.
As investigações encontraram fortes indícios de que o dinheiro captado foi ilegalmente desviado para outros fins, em especial para contas bancárias dos investigados, de terceiros e de pessoas jurídicas relacionadas aos investigados, o que levou à quebra definitiva da Gama Filho e da UniverCidade, também mantida pelo grupo, e ao descredenciamento delas pelo Ministério da Educação em 2014, com danos a milhares de estudantes.
O esquema também prejudicou os fundos de Pensão Postalis e Petros, que adquiriram em 2011 as debêntures do Grupo Galileo confiando na recuperação da Gama Filho. A operação causou perdas aos segurados no valor de R$ 90 milhões e também foi apurada pela CPI dos Fundos de Pensão na Câmara dos Deputados, cujo relatório final, aprovado em abril de 2016, concluiu pela irregularidade da compra dos títulos mobiliários e apontou indícios de graves ilícitos penais.
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