Na França, o Judiciário independente prendeu o ex-presidente Sarkozy acusado de corrupção ativa e outros crimes. Na China, o chefe do Exército Xu Caihou foi preso pelo mesmo motivo. Oriente e Ocidente estão contaminados pela erva daninha da corrupção. Gerada, sobretudo, pelo financiamento das campanhas políticas, que se tornou no mundo todo extremamente caro. Deveria ser proibido terminantemente, só se permitindo propagandas oficialmente pagas pelo poder público, durante um curto lapso de tempo. Com o fim do político profissional temos que lutar também pelo fim do financiamento empresarial das campanhas políticas. Quanto mais mergulhamos nas democracias de opinião (governar de acordo com o sentimento popular das massas), mais caras ficaram as eleições. Alguém tem que pagar a conta dos políticos corruptos. Quem? Os agentes econômicos gananciosos bem como os agentes financeiros inescrupulosos. Aí se formou a troyka maligna. Foi assim que a corrupção estendeu seu império para o mundo todo. Parafraseando G. Lapouge (Estado 3/7/14: A14), “astuta como raposa, imperceptível como o ar que respiramos, glacial como uma serpente, ela se espalhou por toda parte, sem respeitar qualquer tipo de fronteira; suas bactérias e micróbios saltam de país em país, contaminando os sistemas políticos, bancos, empresas privadas, corações e mentes, centros do poder”. Não existe corrupção do político sem a intervenção dos agentes econômicos e financeiros. Tudo isso é agravado no Brasil porque aqui temos a figura do político profissional, que deixa sua profissão para se dedicar o tempo todo à política, quase sempre movido a propinas dadas pelas empresas e bancos. Como se vê, o dano social macabro não está somente na política, sim, na sociedade mesma, no coração e na cabeça de quase todos os brasileiros, incluindo-se os poderosos. A corrupção é uma enfermidade, porém, não somente política, senão também social. Seguindo Ortega y Gasset, ouvimos muito falar em imoralidade pública (dos políticos, dos juízes, dos servidores em geral). A mídia nos induz sempre a pensar que a causa da nossa progressiva decomposição moral esteja nos políticos. Isso não é de se duvidar. Mas a questão é mais grave: é a própria sociedade e, especialmente, os poderosos econômicos e financeiros que estão profundamente enfermos. Pior que ter uma enfermidade, é ser uma enfermidade. Avante!
Publicado por Luiz Flávio Gomes