A empresa desenvolveu um ingrediente especial para o tempeh, com apoio de um programa de inovação, e os lucros dobraram.
O tempeh é um alimento feito com grãos de soja cozidos e fermentados pela ação de um fungo, chamado Rizopus. O tempeh é rico em proteína, tem textura firme e sabor de cogumelo e nozes.
A empresária Ana Cristina Neves enxergou no alimento que faz bem à saúde uma excelente oportunidade no mercado de produtos naturais.
“Eu fiz 5 quilos, 10 quilos, depois 50 quilos. Também tive que ir redimensionando maquinário, espaço, o meu conhecimento”, conta.
Para inovar, a empresária de Brasília procurou a ajuda do Sebrae. Ela participou do Sebraetec, um programa que facilita o acesso dos empreendimentos às novas tecnologias. Isso é feito através de linhas de crédito especiais e subsídios que podem chegar a 80% do valor dos projetos.
“A gente percebeu que ela precisava de um planejamento estratégico para posicionar a empresa dela num cenário de três anos, que foi o que a gente propôs. Inicialmente, ela não tinha uma noção de qual seria o público-alvo dela, então a gente fez uma definição de público trabalhando mercados A e B”, explica Flávia Firme, do Sebrae de Brasília.
Após a capacitação, Ana Cristina teve uma ideia que impulsionou o negócio. No início a empresária importava o fungo para o tempeh da Indonésia, da Bélgica, dos Estados Unidos. Ela pagava mais de € 20 por apenas 15 gramas do produto.
Como o custo ficou alto, ela decidiu pesquisar sobre o processo de reprodução desse fungo e fazer tudo aqui no Brasil. Ana Cristina construiu um laboratório e até contratou uma especialista em micologia
“Eu fiz um curso de formação de preço no Sebrae e constatei que precisava conhecer a reprodução do fungo para abaixar esse custo e aí sim investir numa empresa de tempeh, né?”, relata a empresária.
A empresária investiu R$ 120 mil na construção do laboratório e aquisição de equipamentos. O fungo que serve como fermento biológico é colocado numa incubadora por sete dias para reprodução. Depois, ele é transformado em pó.
Em outro local da fábrica, a soja pré-cozida e em grãos é lavada, centrifugada e misturada ao fermento em pó. O produto é colocado em embalagens apropriadas e vai para a estufa por 24 horas. Depois, o tempeh é congelado e já pode ser vendido.
O quilo do tempeh sai da fábrica por R$ 35. São feitos 30 quilos por dia. Mas o objetivo é atingir em 2013 uma produção mensal de uma tonelada e meia. O faturamento atual é de R$ 8 mil por mês.
“É um produto extremamente inovador e dentro dessa consultoria de planejamento estratégico já foram definidos novos produtos que ela pode comercializar”, diz Flávia, do Sebrae.
O tempeh é vendido principalmente para restaurantes especializados em produtos naturais. Um estabelecimento de Brasília consome 10 quilos do produto por semana. O chefe de cozinha André Dias prepara pratos vegetarianos com o alimento.
O produto é considerado um antibiótico natural e uma fonte de nutrientes única para os vegetarianos.
“O vegetariano não come a carne vermelha e a vitamina B-12 a gente encontra na carne vermelha. Então, ele acaba que fica com a necessidade de suprir essa quantidade. E com o tempeh ele consegue, porque na fermentação da soja ela produz a vitamina B-12. Então, é muito importante para o vegetariano o tempeh”, diz a nutricionista Renata Manganelli.
O restaurante de Brasília trabalha com o tempeh há um ano. A procura triplicou neste período. A fermentação da soja com o fungo especial deixa o alimento repleto de minerais e vitaminas que fazem bem à saúde. O apelo dos produtos naturais torna o
tempeh lucrativo.
“Acima de tudo é um alimento saudável. Acho que é a palavra do milênio. A gente tem de pensar em saúde. Sabor e saúde”, diz a cliente Zen Yamatucan.