Os modelos vão desde sapatos confeccionados a partir de materiais que se moldam aos pés, até os tamanhos especiais. O mercado percebeu a vantagem do produto e esse negócio segmentado virou lucrativo. A procura disparou.
Horas e horas de pé. Para muita gente, essa é a estressante rotina do dia a dia. Todo o corpo em cima deles. “Se você fica em pé durante muito tempo, é fundamental que seu calçado seja confortável”, indica o ortopedista Miguel Akkari.
Foi nesse mercado que a empresária Luciana Linhares apostou - e acertou. Ela montou uma loja de sapatos femininos confortáveis. O negócio começou em 2008. Investiu R$ 50 mil em reforma de um espaço e estoque. “Apostamos nesse segmento e hoje a gente observa um desenvolvimento desse setor, principalmente porque os fabricantes vêm investindo em moda também”, diz.
Para perceber a diferença do tipo de calçado tem que olhar de perto. O couro é ultramacio, todo forrado e acolchoado. O salto tem base larga. Os recortes no solado são para dar flexibilidade e há mais um detalhe: os modelos têm uma parte elástica, que é justamente para quem tem joanete, um problema mais comum do que se pensa - a própria empresária tem.
“Tenho e dói muito. Joanete é um osso que fica na região lateral do pé, que incomoda demais. Esse produto tem uma procura enorme. Ele tem um material flexível justamente na região da joanete, na lateral”, diz, acrescentando ser muito mais confortável.
São 250 modelos, todos expostos em prateleiras de fácil alcance para o consumidor. Mas, para vender, não basta conforto, é preciso design: os modelos são coloridos e com vários detalhes: fivelas, laços, flores, correntes. Os pares custam de R$ 90 a R$ 210. Sandálias, botas, sapatos, sapatênis, todos indicados para quem tem pés sensíveis.
“Eu sou diabética. Diabético tem um pé complicado. Tem problema no dedo, na sola, e esse tipo de sapato, a costura dele não incomoda. Você passa o dia com o sapato no pé e você não sente”, explica a consumidora Regina Curcio.
A divulgação é pelo site da empresa, além de arcerias com associações médicas e pelo boca a boca. E o negócio vai muito bem. Nos meses de datas comemorativas, a loja vende mais de mil pares de calçados por mês. Só no último ano, o movimento triplicou. “Nós temos planos de expandir, aumentar a gama de modelos e fornecer cada vez mais opções ao nosso cliente”, afirma a empresária.
Tamanhos
A loja do empresário Rubens Waksman também se especializou em calçados confortáveis, e foi além. Ele vende sapatos com numeração de 0,5 em 0,5 ponto, e com quatro larguras
diferentes. “A gente tem as mãos, os dedos todos diferentes, e o pé é a mesma coisa. Cada pessoa tem um diferente”, explica o empresário.
A loja começou em 1981, vendendo calçados tradicionais. Em 2001, ele incluiu alguns sapatos projetados para o conforto. O sucesso foi tanto, que hoje esses modelos representam 80% do faturamento.
São 260 modelos, nacionais e importados. Botas, sapatos e sandálias, com ajustes para a altura dos pés. Eles são de materiais como o macio couro de carneiro. O viscoelástico, uma espécie de espuma moldante desenvolvida pela Nasa. E o neopremi, o mesmo material das roupas de mergulho. Os calçados custam de R$ 180 a mais de R$ 1 mil.
O fisioterapeuta Vidigal Gasparine explica, por exemplo, que para quem tem o pé cavo, que é uma parte do pé mais alta, o sapato vai ajudar a dar uma sustentação, com uma elevação.
Há três meses, a empresa lançou um novo serviço, a fabricação de palmilhas personalizadas. Primeiro, o cliente sobe em uma plataforma com receptores de pressão. Um fisioterapeuta avalia a pisada no computador.
Em um exemplo, o cliente com um pé cavo tem a carga toda na frente do pé “Nós vamos tentar jogar essas 848 gramas para trás através de uma palmilha postural para corrigir essa forma de pisar do paciente”, explica o fisioterapeuta Mauro Pedroni Junior.
Outra plataforma tira o molde do pé com um sistema a vácuo. A palmilha é confeccionada com pequenas elevações. O par de palmilha personalizada custa a partir de R$ 300.
Para montar uma loja do tipo, o investimento é de R$ 800 mil reais. A metade do valor é só para estoque, por causa da variedade de numeração e das larguras diferentes. Mas compensa, garante o empresário. Ele vende 900 pares de calçados por mês. O faturamento foi de R$ 2 milhões de reais no último ano.
“A grande verdade é que é preciso diferenciar da loja de shopping, que tem um monte de loja de sapato, isso eu queria um diferencial, que é o conforto. E deu certo”, avalia o empresário.