Série Corporativa: Com R$ 30 mil, empresário investe em fábrica de sorvete
Em SP, pequena fábrica produz 50 sabores e 2 mil picolés por dia. Empresário montou a fábrica em 7 metros quadrados de área.
20/10/2012

Com a proximidade do calor, aumentam as vendas de sorvete de todos os tipos. O mais procurado é o picolé. Em São Paulo, em uma pequena fábrica, são produzidos 50 sabores de picolés: dos tradicionais de frutas aos artesanais.
 
O espaço é minúsculo. E os custos também. Um empresário montou uma fábrica de sorvete em sete metros quadrados de área. Sandro Veraci faz 2 mil picolés por dia.

“Como o espaço é pequeno, de um lado eu deixei todos os ingredientes para sorvete e do outro lado eu deixei todo o maquinário. Eu produzo, ele vai para o freezer, pego de novo outra produção e assim por diante”, explica.
 
Picolé vende muito, porque é bom e barato. O custo de um picolé para o fabricante é de apenas R$ 0,15. E é vendido por R$ 1 cada. Lucro de quase 700%. Um picolé é 80% água e palito. A matéria-prima dele é muito barata
 
No processo de fabricação, primeiro é preciso misturar os ingredientes: bate no liquidificador, põe na forma e vai para a máquina produtora de sorvete.
 
A máquina é um supercongelador. Em constante movimento, fica água misturada com álcool justamente para não congelar, para se manter líquida. A temperatura é baixíssima, menos 28 graus. Congela em 15 minutos.
 
Depois, é só desenformar os picolés e embalar. Para isso, o empresário usa uma seladora. “É uma embalagem plástica. Eu já comprei pronta ao valor de R$ 0,01 cada uma.”

O empresário faz 50 tipos de picolés. Dos tradicionais aos diferentes. Chocolate, beijinho, algodão doce, chiclete. E tem também os especiais: chocolate, pistache, nozes.
 
“Um sorvete assim artesanal desse modo não se encontra por aí. Dá trabalho, mas vale a pena. Valoriza o produto”, disse. Cada picolé especial é vendido por R$ 3,50.
 
Para montar a fábrica de picolé, o empresário investiu R$ 30 mil. Usou o dinheiro para comprar maquinário e reformar o pequeno espaço. Ele também faz sorvete de massa, que representa 10% do faturamento. Ele usa esta outra máquina que bate o sorvete enquanto gela.
 
Um cuidado importante para quem vai entrar nesse negócio: é preciso estar atento às normas da vigilância sanitária. “Temos que usar ingredientes de qualidade, atenção com validade dos produtos, água filtrada, tem que ter higienização das máquinas e tudo isso compõe um produto final de qualidade”, afirma a nutricionista Bianca Veraci.
 
Outra questão que não pode passar em branco: sorvete é sazonal. Vende muito no calor e pouco no frio. Mas o empresário montou um esquema para manter a fábrica funcionando o ano inteiro. “Nós vendemos para buffets, restaurantes, escolas e eventos (...). Dá para segurar o inverno”, afirma.
 
Por ano, o Brasil consome mais de 1 bilhão de litros de sorvetes. Só de picolés, são 230 milhões de litros. O montante gera um faturamento de R$ 4 bilhões por ano ao mercado de gelados. Números que, de acordo com Eduardo Weisberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes, foram alavancados por pequenos fabricantes.
 
“Tem vários níveis de indústria que investe em sorvete. Tem a sorveteria de bairro, tem a sorveteria que começou pequenininha e hoje já atinge outros bairros, começa vender em restaurantes, clubes, áreas institucionais, isso fez com que o mercado tivesse realmente vários níveis de indústrias e níveis em termos de capital e não em termos de qualidade porque a qualidade do sorvete brasileiro é muito boa”, diz Weisberg.
 
Sandro garante: se produzisse mais, venderia tudo. No verão, ele deixa de atender clientes, que fazem fila para comprar picolé. O plano agora é se organizar para produzir mais e ganhar mais dinheiro.
 
“Agora para esse verão, nós vamos comprar mais maquinários, mais freezer para dobrar a produção e atender todo mundo e em 2013 nós estamos com ideia de abrir franquias para alavancar nossa marca”, afirma.

 Na loja, o empresário chega a receber 300 gulosos cientes por dia.

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