Dia das crianças movimenta empresas fabricantes de brinquedos.
Fábrica de bichos de pelúcia aposta em animais brasileiros como tamanduá. Na de bonecas, rebarbas da fabricação são reutilizadas para reduzir custos.
23/09/2012
O dia das crianças, comemorado no dia 12 de outubro, movimenta empresas fabricantes de brinquedos. O empresário Giovani Tavares está nesse segmento há 19 anos e hoje tem 25 funcionários. “Fazia no fundo do quintal da minha mãe, pegava esses produtos que eram produzidos e, no outro dia de manhã, a gente saía de porta em porta vendendo”, diz.

O trabalho da fábrica é artesanal. Como um quebra cabeça da economia, o desafio é encaixar as peças para sobrar o mínimo de tecido. “Aqui, nós aproveitamos o máximo o tecido”, diz Tavares, que explica que primeiros são riscadas as peças maiores e depois, nos vãos menores, encaixam outras peças pequenas.

A costura é terceirizada. Na fábrica de Tavares, são feitos só pequenos reparos, a colocação dos olhos, focinho, bigode, de acordo com normas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). “Não pode ter nada que machuque uma criança, tudo tem que ser com segurança. No nosso ursinho, o lacinho é costurado e não pode ter mais do que trinta centímetros para não enrolar no pescoço da criança”, diz a gerente de produção Gleice Brandão.

Para dar forma aos bichinhos de pelúcia, o enchimento é feito com uma fibra importada, que parecem flocos de neve. A escolha do material faz toda a diferença na qualidade do produto. É preciso ter “memória”, ou seja, que a fibra volte ao formato original depois de ser apertada. O material também não pode absorver muita água para que o bichinho de pelúcia possa ser lavado e não crie mofo.
O enchimento é feito por meio de uma máquina de encher bichinhos de pelúcia, que torna o trabalho bastante simples. O operador coloca o bichinho na abertura e a máquina injeta a fibra, com um compressor de ar, deixando o produto pronto em segundos.

A empresa de Tavares faz 420 modelos de pequenos a gigantes e, para fugir da concorrência dos importados, aposta em animais brasileiros. “O que eles têm? Ursinho? Eu vou fazer um tamanduá, vou fazer um mico”, diz Giovani Tavares.

O investimento para montar uma pequena fábrica de brinquedos de pelúcia é de R$ 40 mil. A empresa faz 14 mil bichos de pelúcia por mês e vende produtos a partir de R$ 8 no atacado. No total, a fábrica de Tavares tem mais de 800 clientes no país todo.

Em Sorocaba, interior de São Paulo, a empresa de Reinaldo Soares Filho produz 500 bonecas por hora. O empresário montou a fábrica de bonecas em 1997, com investimento de R$ 40 mil.

A produção das bonecas é feita como uma receita de bolo. Ingredientes como resinas e plastificantes são separados, pesados e levados à misturadeira, que transforma a mistura em um plástico líquido, do qual é feito a boneca. O preparado ganha pigmento e é despejado no molde. Depois, o plástico é aquecido, resfriado e se solidifica. Quando fica pronto, basta retirar peça por peça com um alicate.

A cabeça e o corpo são produzidos separadamente. Na cabeça, a pintura é feita usando um gabarito, recortado no olho. Os lábios são pintados e os olhos são finalizados até com os cílios. Usando uma máquina, os funcionários colocam o cabelo da boneca. À parte, o corpo é vestido e depois encaixado na cabeça, deixando a boneca pronta para ser embalada.

A briga para reduzir custos na fabricação é diária. As chamadas rebarbas, pedacinhos de plástico que sobram das peças, não vão para o lixo, são cortados, derretidos e usados novamente, podendo virar, por exemplo, um braço.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, Synésio da Costa, os brasileiros levam uma vantagem sobre o produto asiático: a qualidade. “A gente tem uma grande preocupação principalmente com metais pesados, que são contaminantes, com partes pontiagudas, partes pequenas e todos os brinquedos brasileiros são 100% testados ao amparo da norma de segurança e conferidos pelo sistema que o Inmetro implantou no Brasil”, diz.


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