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Mercado de decoração e vestuário cresce entre a classe C
Consumidores adoram produtos grandes, coloridos e chamativos.
Em oito anos, gastos da classe C com decoração cresceram seis vezes.
A chamada nova classe média consume cada vez mais e influencia o comportamento do mercado. Agora, as compras vão além dos eletrônicos, e a classe C investe em decoração e vestuário.
O empresário Adriano Sandi percebeu o poder de consumo da classe C, e fez o que ela mais quer: baixou os preços.
“Se eu ficar produzindo só para essa loja, o meu custo da fábrica é muito alto, isso vai refletir no preço do calçado. Então a gente terceirizou toda a produção, com empresas que já estão no mercado, e eu tirei esse custo fixo, o nosso preço do sapato reduziu”, conta Sandi:
O empresário foi além: duas vezes por ano, faz promoções radicais. O que para outros é sinônimo de prejuízo, para ele é estratégia.
“Na verdade, não cobre os custos. Isso é um chamariz para o nosso cliente, principalmente da classe C, que adora esse tipo de promoção. Isso traz ele pra dentro da nossa loja, para também conhecer outros produtos, voltar outras vezes e a gente conseguir conquistar mais um cliente”, explica.
Cerca de 90% dos consumidores da loja são da classe C. A loja oferece 400 modelos – com salto alto, baixo, sandálias, botas, muitas cores e estilos, além de bolsas e carteiras. O consumidor fica hipnotizado.
“Mulher você sabe, né? A gente quer uma coisa diferente, e eles têm isso aqui. Uma sandália diferente, colorido diferente, pedra diferente, uma rasteirinha diferente”, conta a cliente Tereza Moraes.
O investimento para montar a loja foi de R$ 250 mil. O dinheiro vai para estoque, reforma e capital de giro, e o faturamento médio é de R$ 95 mil por mês.
Hoje, a loja de Adriano recebe quatro vezes mais consumidores do que quando começou, em 2007. São mais de 500 pessoas por fim de semana. “O plano agora é a gente ampliar a loja, ter uma variedade maior, porque a classe C é a bola da vez”, diz.
Decoração
Depois de investir em vestuário, a classe C agora também arruma a casa. A explosão de consumo chegou ao segmento de decoração.
O empresário Carlos Teixeira vende cortinas, tapetes e acessórios. Desde 2005, a loja cresce mais de 10% ao ano. Mais uma vez, o preço atrai – nos últimos cinco anos, os produtos ficaram 30% mais baratos, já descontada a inflação. A mudança veio com os importados chineses.
“Em função da entrada do produto importado, acabou baixando o preço no geral, inclusive do produto nacional. É mais competição aí no mercado”, conta Teixeira.
Na frente da loja, promoções para fisgar quem passa. Dentro, mais de 100 modelos: cortina a R$ 69, tapete por R$ 220 e até por R$ 9 – em seis vezes.
“Pela facilidade das parcelas do pagamento, e até pela qualidade somada ao baixo preço, a gente tem um acesso maior e é muito mais fácil para coordenar com o nosso orçamento”, conta a cliente Sandra Milet.
O investimento para montar a loja foi de R$ 150 mil: para reforma do espaço e estoque. O empresário Carlos aprendeu a agradar esse novo consumidor na medida certa.
“A classe C não gosta muito de produto discreto não. Os que mais vendem: cortina branca e vermelha, almofada de zebra e oncinha e tapete alto, e bem fofo.”
O empresário fez da loja um imenso mostruário. Os corredores lotados de tanto produto: cortinas nas paredes, tapetes no meio. O empresário também mandou fazer expositores gigantes. O tapete fica aberto, pendurado, um do lado do outro. Em um canto da loja, cabem trezentos.
A empresa vende 200 peças por mês, e Carlos quer abrir mais uma loja. “A classe “C” tem crescido muito e nós não estamos podendo deixar passar essa oportunidade para crescer também”, conta o empresário.
Pesquisa
Pesquisa do instituto Data Popular mostra que, em oito anos, a classe C aumentou em quase seis vezes os gastos com decoração. São cerca de R$ 18 bilhões por ano para deixar a casa mais bonita. Com vestuário, então, a cifra dispara: segundo o Ibope, em 2012 a nova classe média brasileira vai gastar R$ 42 bilhões com roupas, calçados e acessórios. Uma euforia de consumo para movimentar negócios em todo o país.