Empresas se especializam em transporte de pessoas com deficiência.
Associação de táxis já faze cerca de 1,6 mil viagens por mês.
Oficina se especializa em adaptar táxis e quer expandir negócio.
Desde 2009, uma associação de táxis de frota em São Paulo atende portadores de deficiência física e pessoas com dificuldades de locomoção. O serviço de táxi acessível, que tem 35 carros adaptados, já faz cerca de 1,6 mil viagens por mês.
Na sede da associação, uma central telefônica funciona 24 horas por dia para atender às solicitações de passageiros portadores de deficiência, que hoje somam mais de 1 milhão na capital paulista.
“Há um número crescente de pessoas que ainda não conhecem o serviço e querem experimentar. Nós nos colocamos à disposição, e isso faz com que as pessoas comecem a entender e a conseguir se locomover de uma forma melhor”, diz Ricardo Auriemma, presidente da entidade
A associação faz, em média, 50 viagens por dia. E, para o ano que vem, a ideia é aumentar o número, com mais 15 carros adaptados nas ruas. Para receber os cadeirantes, os táxis acessíveis passam por um processo rigoroso.
Na oficina, são feitas as adaptações nos veículos. A empresária Mônica Cavenaghi está no setor há mais de 30 anos e, há dois, investiu na empresa para fazer adaptações em táxi acessível. No local, tudo tem que seguir as normas técnicas exigidas pelo sistema de transporte da cidade de São Paulo. O custo de adaptar cada carro chega a R$ 15 mil. O serviço é demorado e pode levar duas semanas.
“A ideia é, principalmente, que a pessoa não saia da sua cadeira de rodas pra ser transportada. O princípio é, ou se abaixa, ou se rebaixa o piso ou se eleva o teto. No caso do táxi, a solução mais usada hoje no Brasil é a de elevação de teto”, diz Mônica.
O sistema instalado funciona como um elevador: a cadeira de rodas é colocada em uma plataforma, e sobe até chegar ao piso do carro, com um simples comando do taxista.
“A diferença entre um táxi acessível como este e um táxi comum está na adaptação de todo o espaço interno do veículo e na segurança do passageiro. Um dos itens principais é o sistema reforçado de travamento da cadeira de rodas”, diz Anderson Damasceno, que é tetraplégico.
Hoje, a transformação do veículo representa 30% do faturamento da empresa. Agora, a empresária quer expandir o negócio para outros estados. Ela quer crescer 20% este ano.
“Nós buscamos a expansão da marca em relação a todo este projeto que temos aqui em São Paulo. Ou seja, que o cliente encontre em qualquer lugar do Brasil”, diz Mônica.
Oportunidade
Para o Rodrigo Graziano Lopes, que é cadeirante, o táxi acessível permitiu uma mudança de vida. Ele é portador de uma doença congênita que causa deformidades nas articulações e músculos. Ele não anda e tem as mãos e os braços atrofiados, mas seu sonho sempre foi trabalhar e estudar.
Além da dificuldade de locomoção, a família sempre enfrentou problemas financeiros. Foi em uma empresa multinacional que ele conseguiu o primeiro trabalho, como auxiliar administrativo, e a primeira oportunidade de construir um futuro. Há três meses, a empresa paga, além do salário de Rodrigo, R$ 100 por dia de táxi acessível, pra que ele possa estudar.
“O Rodrigo é um colaborador extremamente dedicado à nossa empresa. Nós vimos que ele estava com uma dificuldade por falta de continuidade no trabalho de educação dele, na formação dele, e a gente resolveu, a empresa, mais a nossa ONG, investir na educação do Rodrigo”, diz Rosane Chene, gerente executiva da empresa.
Com todo este incentivo, agora Rodrigo trabalha durante o dia e faz faculdade de ciências da computação à noite.