Comércio eletrônico investe no potencial de consumo da classe C.
Empresária fatura vendendo roupas pela internet.
Maior gasto dos novos consumidores, no entanto, é com eletrônicos.
As empresas investem cada vez mais no comércio virtual e criam facilidades de pagamento para atrair o novo público consumidor: a classe C.
A empresária Andrea Bertagnoli descobriu um mercado promissor: vender roupas pela internet para mulheres da classe C. Ela montou uma butique virtual de camisas, calças, vestidos e shorts.
“O consumidor da classe C descobriu a internet nos últimos anos. (...) e a tendência é crescer muito. No próximo ano nos vamos bombar de fato a venda de moda na internet”, diz Andrea.
A empresária investiu R$ 600 mil no negócio em 2009. O dinheiro foi usado para construir o site, reformar este espaço, fazer estoque e divulgação.
Para vender roupas sem que o cliente possa experimentar, a empresária tem alguns segredos. O primeiro está no tecido flexível, que se molda ao corpo da cliente. Outro está com as costureiras: cada peça é medida de cima a baixo, comprimento, quadril, cintura, até largura de perna e braço. E as medidas vão pro site. E aí entra mais uma ideia que revolucionou as vendas.
“Nós temos uma bonequinha no site que ensina a nossa cliente a se medir. Isso faz com que ela compre consciente de suas medidas, comparando com as do site, e isso reduz muitas trocas”, diz Andrea.
Tabita Mendes entrou na loja virtual, escolheu a roupa, tirou as próprias medidas e fez a compra. A empresa entregou a mercadoria por motoboy, no mesmo dia.
“Eu comprei pela praticidade, hoje eu precisava ir numa festa e assim vem muito rápido”, conta a cliente
Cinco milhões de novos consumidores
Uma pesquisa do E-bit, uma empresa especializada em informações de comércio eletrônico, revela que, só nos últimos dois anos, 5 milhões de novos consumidores da classe c passaram a fazer compras pela internet.
“O ticket médio (valor médio da compra) do consumidor com renda até R$ 3 mi, é de R$ 320 por compra. Não é muito diferente da internet geral, que é de R$ 355”, diz Alexandre Umberti, diretor de marketing da empresa.
E o maior gasto desse novo consumidor pela internet é com os eletrônicos. São celulares, câmeras digitais, notebooks e todo tipo de acessórios.
Em São Paulo, um dos maiores centros do comércio de eletrônicos está no bairro de Santa Ifigênia, na região central da cidade. No local existem centenas de boxes, como o pertencente aos empresários Rita Airis e José Feitosa. Desde 1999, o casal vende telefones celulares e acessórios e, há dois anos, eles descobriram que podem faturar alto com a internet.
Com investimento de R$ 2,5 mil, eles montaram um site de vendas voltado para a classe C. o negócio virtual já vende o mesmo que a loja física.
“70 %dos clientes da internet são da classe C. E cada vez mais eles entram no site pra comprar, é o novo consumidor da internet”, diz Rita.
A loja virtual chama a atenção da classe C por ter preços 10% mais baixos que na loja física. E a explicação é que os custos da internet são bem menores.
“Para se ter uma idéia, o aluguel da loja física é de R$ 3,5 mil por mês. Já a loja virtual paga apenas R$ 250 por mês ao provedor da internet. Enquanto a loja física precisa de dois vendedores para atender os clientes, na loja virtual a própria empresária pega os pedidos uma vez por dia, em minutos.
Segundo os empresários, o consumidor da classe C tem um pouco de desconfiança com a internet, que, para ele, ainda é novidade. Por isso, uma das funções da loja física é transmitir segurança aos clientes.
Também no bairro de Santa Ifigênia,o empresário Juliano de Araújo se deu bem com o comercio eletrônico para a classe C. Desde 2008, ele vende GPS, câmeras fotográficas, DVDs portáteis e tablets. Há seis meses, ele montou uma loja virtual, e dobrou o faturamento.
O empresário investiu R$ 2 mil para montar o site. Basta clicar no produto, colocar no carrinho e ver a simulação das parcelas. Ele não tem dúvidas de que o comercio eletrônico popular vai explodir em vendas daqui para frente.
“A nossa expectativa até o final do ano é de ter 5 mil visitas por dia, e a gente calcula faturar 3 vezes mais do que na loja física com o site”, diz Juliano.