Empresas faturam alto reciclando sucata de carros.
Portas, motores, radiadores, faróis, pneus e vidros viram peças valiosas.
Alumínio dos radiadores é a maior fonte de lucro dos empresários.
A reciclagem de materiais gera cada vez mais oportunidades de negócios. Em São Paulo, uma empresa se especializou na coleta, separação e destinação de resíduos de oficinas mecânicas e, agora, ganha dinheiro com o reaproveitamento de metais.
Na empresa de Estácio dos Santos e Gustavo Pires, portas, motores, radiadores, faróis, pneus e vidros são peças valiosas. Tudo que é sucata nas oficinas é reaproveitado. Os empresários montaram a recicladora há dois anos, com um investimento de R$ 700 mil.
“Nós coletamos esse material em diversos tipos de oficina – desde as menores até as grandes redes de concessionárias. Hoje já estamos atuando no raio de 100 quilômetros de São Paulo”, conta Estácio.
A empresa tem uma frota de 11 caminhões que fazem a coleta. São cerca de 150 toneladas de material por mês.
Em um galpão, é feita a triagem de toda sucata que chega. Os funcionários desmontam as peças e separam cada tipo de material, que depois é pesado e catalogado.
Os produtos ficam estocados em baias. O aço é o material com maior volume na reciclagem – representa 60% de tudo que a empresa coleta. Uma tonelada é vendida, em média, a R$ 300.
Mas é no alumínio retirado dos radiadores que está o maior lucro dos empresários: o preço de uma tonelada do metal chega a R$ três mil. Com a reciclagem, a empresa tem um faturamento de R$ 80 mil por mês e espera crescer 50% este ano.
“A gente acredita bastante nesse crescimento em função da evolução da consciência das pessoas e um aprimoramento da legislação”, diz Gustavo.
Prensado e vendido
A segunda fase da reciclagem é feita na empresa de Alice Passos. Toda a sucata recolhida é separada e classificada. Depois, cada tipo de material é prensado em blocos para ser revendido para as indústrias. Cerca de 2,5 mil quilos de alumínio são reciclados no local todos os meses.
“O alumínio você faz uma infinidade de materiais, você faz um na área de construção civil, os perfilados; na área de doméstico, você faz as panelas; na área de indústrias você faz as latinhas”, conta Alice.
Na terceira fase da reciclagem o alumínio é transformado em lingote. O empresário André Luis Pisca está há 12 anos no mercado e processa, por mês, mil toneladas de alumínio. E o faturamento chega a R$ 100 milhões por ano
Uma grande indústria que fica em Embu das Artes, na Grande São Paulo, compra o alumínio em barra. E é com ele que são fabricadas as caixinhas usadas para a distribuição de energia elétrica e da rede de telefonia.
“A nossa linha de produção atualmente comporta acima de 7.500 itens produzidos”, conta o gerente industrial Edson Tamada.
Para a fabricação das caixinhas, o metal em barra é derretido e depois moldado. Tudo é automatizado com o trabalho dos robôs. Com isso, a indústria usa mais de 20 toneladas de alumínio reciclado por mês. Antes, todo o material era descartado como sucata de carro.
“A grande vantagem do nosso segmento industrial é que o alumínio é 100% reciclável. E esses materiais podem fazer parte dessa cadeia produtiva, e certamente um material nosso, que já foi utilizado, será utilizado novamente pra fabricação de novos produtos”, diz Tamada.