Lojistas criam estratégias para aumentar as vendas no Natal.

Treinamento e incentivos financeiros aos funcionários são algumas das apostas. Mais de 130 mil pessoas devem ser contratas.

Com as vendas de Natal, as pequenas empresas instaladas em shopping centers esperam até triplicar o faturamento. A época é considerada a melhor para o comércio e as empresas já preparam estratégias para lucrar mais. Veja só!

Os lojistas estão animados com os lucros do final do ano. Uma loja multimarcas vende roupas, calçados e acessórios. A empresa renovou o estoque, contratou e treinou vendedoras. E a aposta é alta: triplicar as vendas em dezembro.

“O Natal é a época em que a gente ganha dinheiro, na verdade. É a época em que a gente precisa estar todo mundo junto e bem treinado e com a equipe boa para poder vender bem. A gente tem todo um preparativo para chegar no Natal com tudo pronto”, esclareceu o empresário André Trindade.

A proposta da loja é ser diferente. Para chamar a atenção, foram criados quatro ambientes, um para cada marca. A loja sai em vantagem porque tem contrato de exclusividade com os fornecedores. Os produtos daqui não existem em outras lojas do shopping. Graças à parceria inteligente, a empresa se valoriza e escapa da guerra dos preços.

“Eu não preciso fazer uma oferta na vitrine para poder chamar gente para dentro da loja. Não preciso porque os meus produtos são exclusivos, quem quer comprar os produtos que a gente vende entra na loja naturalmente. Então, a gente trabalha de outra forma. A gente prefere incentivar quem trabalha comigo, as vendedoras, ao invés de perder dinheiro na margem”, contou André Trindade.

E o incentivo aos funcionários é ousado. É preciso aproveitar o poder de compra do consumidor, que aumenta quando ele está com o 13º salário no bolso.

“Eu comprei três pares de sandálias. Um é pra mim mesmo, que eu mereço neste Natal, e os outros eu resolvi dar de presente”, disse a cliente Fany Ribeiro.

Quando uma vendedora vende mais de cinco produtos no mesmo atendimento, ela recebe bônus em dinheiro na hora. Para atingir a meta, o caminho é treinar bem as vendedoras.

“A gente participa bastante de treinamentos de desfile mesmo, para saber o que está na moda, o que não está, o que precisa vender, quais são os nossos argumentos de venda. Pra gente estar atualizada na moda e consequentemente também com a loja, pra gente saber o que está vendendo”, explicou a vendedora Samiane Souza.

Em todo o país, o mercado está movimentado. Para atender tanta gente, os lojistas reforçam as equipes de trabalho.

“Nós teremos, nos 725 shoppings do país, mais de 130 mil contratações este ano. Então, esse é um dado importante. Isso pode gerar emprego temporário nesse período e, quando terminar esse período de contratação temporária, 25% podem se transformar em empregos permanentes”, declarou Nabil Sahyoun, presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping.

Um outro shopping center tem localização privilegiada: ele fica na Avenida Paulista, o coração financeiro do país. Para o dono de uma loja de calçados femininos, Maurício Martinez, a preparação para o Natal começa cedo.

“O trabalho é um pouco longo. A gente começa em abril com uma viagem para o exterior, fazendo uma pesquisa de tendência, de moda. Logo depois disso, a feira do calçado, em São Paulo, que é em julho, onde a gente começa a fazer os pedidos para o final do ano”, afirmou o empresário.

Em dezembro, a loja recebe 150 clientes por dia. A ordem é aproveitar ao máximo esse potencial de compra. No Natal, o consumidor vem com dinheiro e uma lista grande de pessoas para presentear. É pai, mãe, tia, irmã, namorada...

E a loja foi preparada para fazer esse cliente gastar. Existem prateleiras por todos os cantos: na frente, no centro, nas paredes. Dá para reparar que não há vidro, nada, entre o produto e o cliente. A estratégia é estimular o contato direto. Quem pega acaba experimentando e comprando. E, para não faltarem opções, a loja dobrou o estoque para este Natal.

São seis mil pares de calçados à venda. E a empresa lançou opções mais em conta, que servem como lembrança de Natal para os amigos.

“A gente aumenta a variedade sempre e tem o sapato mais barato também, para aquela pessoa que quer dar o sapato, o presente mais barato”, conta Maurício Martinez.

E um detalhe: número redondo assusta. Nesta loja, todos os preços terminam em R$ 9,90. Sapatilha a R$ 19,90, sandália a R$ 59,90, sapato a R$ 99,90.

“Vou comprar cinco sandálias, aproveitar o preço, que está muito bom, para presente de Natal”, disse a cliente Margaret Souza.

“É uma coisa que hipnotiza a gente, a gente gosta de ter variedade e acaba comprando muito sapato”, contou a cliente Alessandra Maria Filha.

Para dar conta do movimento, a loja contratou mais três vendedoras. Cada uma passa 15 dias treinando antes de começar a atender.

“Você acaba atendendo dois, três clientes ao mesmo tempo. Então, ele tem que ter rapidez e qualidade no atendimento, atenção. O nosso cliente já está acostumado com isso, ser bem atendido e rápido”, informou Maurício Martinez.

Este ano, o faturamento da loja deve crescer 20% com relação ao Natal passado. “A nossa venda pelo menos dobra por item. Normalmente, a gente vende dois pares por cliente. Vai para quatro no final do ano. E a pessoa compra um sapato com preço maior e dois ou três com preço menor”, explicou o empresário.

“Este vai ser o melhor Natal dos últimos cinco anos. E por que isso? Nós estamos aí com os indicadores de economia bastante favoráveis, nós temos hoje poder aquisitivo da população, principalmente da classe C e D, poder aquisitivo que tem subido acima da inflação. Você tem um crédito todo mais elástico, então você tem todo um clima favorável paras compras de Natal. Sem dúvida nós vamos ter um excelente Natal”, afirmou Nabil Sahyoun.