A força de um boné - No RN, fábricas de bonés faturam R$ 5 milhões por mês.
Ele é usado por todas as classes sociais e por pessoas de qualquer idade.
No RN, fábricas de bonés faturam R$ 5 milhões por mês.

Ele é usado por todas as classes sociais e por pessoas de qualquer idade.

A força de um boné. A moda de usar boné veio e ficou. Ele é usado por todas as classes sociais e por pessoas de qualquer idade. Um produto tão versátil assim só pode trazer lucro a quem se dedica a fabricá-lo com qualidade. É o que acontece na cidade de Caicó, no Rio Grande do Norte.


Em Caicó, o boné é uma peça fundamental do vestuário.


Repórter: você usa boné todo dia?


Jackson Santos: todo dia.


Repórter: quantos bonés você tem em casa?


Jackson: três.


“Todo dia eu uso um diferente”, conta o peixeiro Antônio Menezes.


Estamos a quase 300 quilômetros de Natal, a capital do Rio Grande do Norte. O município de Caicó é a principal cidade de um pólo que reúne 80 empresas fabricantes de boné.


E tudo começou com os chapéus usados pelos vaqueiros. As peças feitas de couro protegiam do sol forte e também dos espinhos da zona rural. Mas a decadência da agropecuária fez as confecções perderem mercado e dinheiro. A solução foi aproveitar as máquinas para produzir bonés.


As fábricas de Caicó produzem 36 milhões de bonés por ano e empregam 2,5 mil pessoas, com um faturamento de R$ 5 milhões por mês.


O Sebrae organizou um arranjo produtivo local para ajudar 13 empresas do setor. Já são dez anos de trabalho e muitas ações realizadas.


"O APL de bonelaria tem o objetivo principal de capacitar as empresas, os empresários e os seus colaboradores na parte de gestão do empreendimento e melhoria da qualidade do boné", explica Pedro de Medeiros, do Sebrae-RN.

Uma bonelaria cresceu com o Sebrae. A empresária Maria de Fátima Dantas de Araújo colocou os funcionários para estudar. Hoje a maioria domina mais de uma função do processo produtivo.


“O que passa o viés sabe fazer a touca. O que passa o botão sabe cobrir. o que faz o acabamento sabe passar o viés também”, diz a empresária.


A capacitação diminui as falhas. A arte dos bonés é checada por quatro pessoas de setores diferentes. Quando essa rotina de trabalho não existia, a empresa chegou a produzir bonés com uma letra ou números de telefone errados.


“Teve época de a gente perder três mil peças, cinco mil peças”, conta ela.


O Sebrae incentivou a empresária a modernizar a fábrica. Ela comprou várias máquinas novas. A refiladeira custou R$ 5 mil. Ela diminui o esforço da equipe.


Uma máquina lava as telas de emulsão fotográfica. O equipamento reaproveita o mesmo solvente por dois meses. É uma economia semanal de R$ 50.


O maior investimento da empresa é essa máquina de bordar. Um equipamento de R$ 190 mil. A máquina borda 12 bonés ao mesmo tempo. Cada agulha faz mil pontos por minuto.


A rapidez e a qualidade aumentam o faturamento. Um boné bordado custa R$ 4, quase o dobro dos modelos mais simples.


"A margem de lucro do boné é de 20% a 30%", conta a empresária. A empresa produz 50 mil bonés por mês. Já lançou uma marca própria, tem duas lojas e clientes em todas as regiões do país. Como o corretor de seguros José Jorge Dantas, que encomenda duas mil unidades por ano para presentear os clientes.


“Eu compro os bonés aqui pela qualidade do produto, pelo comprometimento de entrega, o prazo de entrega, a agilidade, em especial a qualidade”, diz o cliente José Jorge Dantas.


Uma consultoria do Sebrae ensinou os empresários do APL a participar de pregões eletrônicos. Maria de Fátima Araújo venceu uma licitação do Ministério da Educação. Durante um ano, ela vai fornecer 517 mil bonés para escolas públicas de seis estados nordestinos.


“Vai triplicar o faturamento da empresa”, observa.


É possível montar uma pequena fábrica de bonés com R$ 40 mil. A fábrica deve ter um espaço para o corte, outro para a costura e uma área de acabamento, onde são colocados: forro, reguladores, acessórios e botões.


A região de Caicó já é a segunda maior produtora de bonés do Brasil, atrás apenas de Apucarana, no Paraná e os fabricantes apostam num futuro promissor.


“Quem não faz parte do comércio e da agricultura, o restante faz parte da fabricação de bonés. Nós temos três cidades que fazem o pólo, como Caicó, Serra Negra do Norte e São José do Siridó. As três, hoje, a gente tem em torno de 2.500 bonés, mês”, diz o representante da Associação de Fabricantes de Bonés, Jaedson Dantas.


O Sebrae criou a marca "Bonés de Caicó". Todos os produtos feitos aqui vão ter esse logotipo na etiqueta.


"Hoje o boné de Caicó já é conhecido nacionalmente. Mas nós precisamos criar e fortalecer cada vez mais essa identidade do boné com a região de Caicó", indica Pedro de Medeiros, do Sebrae-RN.
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